Maria Fernanda de Faria e Castro Botelho nasceu no Porto, a 1 de dezembro de 1926, numa família de origens aristo-cráticas. Aprendeu a ler aos 4 anos e, desde cedo, cresceu nela a ambição de ser escritora. Iniciou o curso de Filologia Clássica na Universidade de Coimbra, mas preferindo o ambiente da capital, terminou-o na Faculdade de Letras de Lisboa. É desse tempo o início da longa amizade com a escritora Maria Judite de Carvalho e do convívio com os escritores Urbano Tavares Rodrigues, David Mourão-Ferreira, António Manuel Couto Viana e Luís de Macedo. Já casada, continuou a participar em tertúlias nos cafés com intelectuais antifascistas, enfrentando o conservadorismo da época. Na década de cinquenta, fixou residência em Lisboa para trabalhar na delegação do Turismo Oficial da Bélgica, organismo que viria a dirigir entre 1973 e 1983.
A escritora fez a sua estreia literária com a publicação de um livro de poesia: “Coordenadas Líricas” (1951), mas enveredou depois pela prosa com vários títulos, tais como a novela "O Enigma das Sete Alíneas" (1956),"A Gata e a Fábula" (1960) [foi com esta obra que recebeu o seu primeiro Prémio Literário], "Xerazade e os outros" (1964), “Terra sem Música” (1969), "Lourenço é nome de Jogral" (1971), "Esta noite sonhei com Brueghel" (1987)*, "Festa em Casa de Flo-res" (1990), "Dramaticamente Vestida de Negro" (1994), "As contadoras de histórias" (1998) e "Os Gritos da Minha Dança" (2003).
Cofundadora da revista Távola Redonda, Fernanda Botelho escreveu também para as revistas Colóquio/Letras, Europa e Graal, em diversos jornais como o Diário de Noticias; e também na televisão, no programa Convergência. Era membro correspondente da Academia das Ciências de Lisboa e da Academia Lusíada de Ciências, Letras e Artes brasileira.
Escritora de causas, assinou petições pela libertação dos presos políticos, pela liberdade de imprensa e contra a censura. Em 1965, quando integrava o Júri da Sociedade Portuguesa de Escritores, que atribuiu o Grande Prémio do Conto a Luandino Vieira, foi presa e interrogada pela PIDE, com os restantes membros do júri. Só foi libertada graças à intervenção do embaixador da Bélgica.
A partir de 1982 trabalhou para a Fundação Calouste Gulbenkian, na Comissão de Leitura do Serviço de Bibliotecas Itinerantes e Fixas, bem como no Serviço de Educação e Bolsas, para além de ter produzido inúmeras traduções. "O Inferno de Dante" valeu-lhe uma medalha da Direção Geral das Relações Culturais de Itália.
Em 1989, “Esta Noite Sonhei com Brueghel” teve uma adaptação televisiva com autoria de Artur Ramos e Isabel Medina.
Posteriormente recebeu diversos prémios: o da Crítica da Associação Portuguesa de Críticos Literários (1987), o Prémio Municipal Eça de Queirós da CML (1990), o Prémio PEN Clube Português de Ficção (1995) e o Grande Prémio do Romance da Associação Portuguesa de Escritores (1998).
Foi condecorada com a Ordem de Leopoldo I da Bélgica, com a Cruz de Prata da Agrupación Española de Fomento Europeo e com o grau de Grande-Oficial da Ordem de Mérito Portuguesa.
Os últimos anos da sua vida viveu-os na sua casa da Vermelha (Cadaval) e aí escreveu “Os Gritos da Minha Dança”, em 2003.
Faleceu a 11 de dezembro de 2007. Uns anos antes tinha afirmado: "Nem na morte vou perder o meu sentido de humor nem a minha ironia".